A segunda parte do evento "Neoindustrialização em novas bases e apoio à Inovação nas empresas", ocorrido em 16/1, contou com mais uma mesa de convidados debatedores, na sede da Finep, no Rio. Veja aqui a cobertura da primeira parte do seminário. Acesse aqui as fotos do evento. Os vídeos com as gravações do evento estão no canal do Youtube da Finep.
A mesa foi iniciada pelo professor Ênio Pontes, Universidade Federal do Ceará (UFC). Segundo o professor, o Ceará hoje tem 34 memorandos de entendimento internacionais sobre o hidrogênio verde, "o que causa um impacto positivo muito grande para a região. Já existe uma estratégia para a difusão desse hidrogênio".
Seguindo as apresentações, Carlos Eduardo Hammerschmidt, representante da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), falou das perspectivas da indústria do biodiesel no Brasil. "Vemos que o Brasil hoje importa 25% de diesel na cadeia de combustíveis, sendo que as indústrias de biodiesel no ano passado ficaram ociosas em 60% no Brasil. Então, deixamos de gerar emprego, de industrializar soja no mercado interno, e de produzir farelo por não haver uma política pública para o tema", afirmou. Segundo o especialista, "se nós tivéssemos hoje 20% de mistura de biodiesel no Brasil, nós baixaríamos o volume do produto importado para 18%, em vez de 25%, incentivando a cadeia industrial".
Em sua apresentação, a diretora do Departamento de Transição Energética do Ministério das Minas e Energia (MME), Mariana Espécie, afirmou que o importante é "apostar na diversidade de tecnologias energéticas para a descarbonização. No MME, estamos desenvolvendo bases tecnológicas e estruturando a questão do hidrogênio no Brasil, com a ajuda do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Nosso objetivo é ter 'hubs' de hidrogênio consolidados no Brasil até 2035, exigindo a colaboração de vários atores governamentais e do setor privado. Em 2024, começaremos a explorar essa questão de forma diferente, com a Finep, MCTI e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) como parceiros essenciais.
Já para Rosana Santos, do Instituo E+ de Transição Energética, o evento da Finep é "crucial para a discussão sobre a neoindustrialização no nosso país". Rosana afirmou que, "atualmente, estamos em um momento global onde as mudanças não são mais incrementais, mas disruptivas. Essas mudanças são necessárias para enfrentar a urgência climática. Estamos falando de um processo completamente diferente, onde teremos que adotar uma nova forma de consumir energia e nossos produtos, ou alterar os produtos para que sejam de baixo carbono".
Na fala de Paulo Miranda, professor e pesquisadora da COPPE/URFJ, o foco foi o processo de transição energética atual, que "destaca a importância da descarbonização, oferecendo uma oportunidade para a neoindustrialização". O pesquisador explicou que o Brasil, pioneiro na estratégia de energia do hidrogênio, co-fundou a iniciativa Parceria Internacional para o Hidrogênio e as Pilhas a Combustível, em 2003, e lançou uma estratégia para energia do hidrogênio já em 2005. "Em 2024, lançaremos um quarto protótipo de um ônibus a hidrogênio, financiado originalmente pela Finep. O Brasil possui também tecnologia de eletrolisador, pilha a combustível e vários produtos e sistemas na área de energia do hidrogênio", disse.
Finalizando o segundo seminário, o Secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, Inácio Arruda, afirmou que "é essencial que haja mais apoio a uma participação popular forte, na 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação, para que a estratégia nacional de C, T &I tenha também esse olhar e essa participação de gente que já oferece soluções".