O diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Finep, Wanderley de Souza (foto), apresentou o programa em São Paulo
A Finep lançou em São Paulo o Programa de Apoio aos Centros Nacionais de Equipamentos e Serviços Multiusuários (PCNM). A ideia da iniciativa é fomentar e fortalecer os Centros já estabelecidos de infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica, de caráter multiusuário, e induzir a organização de novos centros nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, por meio de melhoria da infraestrutura necessária ao seu desenvolvimento.
Considera-se Centro Nacional Multiusuário os laboratórios integrantes das Instituições Científicas e Tecnológicas que possuem uma série de características, tais como:
* Contar com um conjunto de equipamentos e serviços altamente especializados;
* Possuir equipe técnico-científica de competência reconhecida;
* Disponibilizar sua infraestrutura laboratorial e de serviços para usuários internos e externos, não apenas para grupos de pesquisa de sua instituição como também para outras instituições em quaisquer estados da federação e do exterior;
* Reservar pelo menos 15 % do tempo para atender às necessidades de análises e soluções para produtos e processos apresentados por empresas;
* Contar com um comitê gestor integrado por membros da instituição responsável pelo Centro. O comitê gestor, além de administrar o centro, deve garantir a adequada utilização dos equipamentos do Centro, facilitar o acesso multiusuário, indicar os problemas encontrados e as necessidades de complementaridade de equipamentos;
* Possuir comitê de usuários, composto por membros da instituição e pesquisadores externos.
“Este é um programa da Finep que confere robustez e o diálogo entre instituições e pesquisadores que pensam o desenvolvimento científico nacional”, afirma Wanderley de Souza, diretor científico-tecnológico da financiadora.
Participaram instituições classificadas na chamada pública que a Finep lançou relativa ao tema (2016) – considerada uma ação pioneira, anterior ao desenho do programa, e que lastreou detalhes de sua construção. Na ocasião, foram classificados 27 Centros Nacionais Multiusuários para a Linha 1 (laboratórios consolidados). Houve, ainda, a linha 2 (voltada a laboratórios emergentes), com 15 Centros escolhidos.
Para se ter uma ideia da importância do lançamento de programa nestes moldes para a comunidade científica, a chamada pública de 2016 contou com uma demanda global de cerca de R$ 2,3 bi, cerca de 12 vezes o disponibilizado pelo edital, no valor total aprovado de R$ 195 milhões.
Com 21 anos, o Centro de Microscopia e Microanálise (CMM) é um dos centro multiusuários consolidados que a chamada pública vai apoiar: R$ 12,5 milhões - para a modernização dos microscópios eletrônicos de transmissào. “Atendemos usuários de graduação, pós-graduação e pesquisadores de toda a UFRGS, bem como outras 49 universidades no Brasil e empresas. Atualmente, são 350 projetos ativos e cerca de três mil usuários”, explica o professor Paulo Fitchner.
Glaucius Oliva, que presidiu o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e é um dos membros do Conselho Consultivo do programa, afirmou que o modelo de diálogo e relação os centros é a tônica da ciência mundial e fará com que o Brasil alavanque sua produção científica. “A ação da Finep tem um desenho bastante contemporâneo e, como prevê cinco anos de permanente análise, consultas e debate, vamos sempre refinando o modelo”, destacou.
Com a característica de capilaridade, o PCNM também não se esqueceu, como já citado, dos centros já consolidados em locais fora do eixo Sul-Sudeste. É o caso da Universidade Federal da Paraíba, para a qual foi aprovado o montante de R$ 3,9 milhões, visando à atualização e manutenção de equipamentos do Laboratório Multiusuário de Caracterização e Análises (LMCA/UFPB).
“Somos uma central analítica com quase 15 anos que tem contribuído para a melhoria dos programas de pós-graduação da Federal da Paraíba, de Campina Grande e que se tornou referência multidisciplinar”, diz o professor de ciências farmacêuticas da UFPB Marcelo Sobral.