Pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) receberam, em junho, o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2015. O projeto, que concorreu na categoria Integração, teve como base o desenvolvimento de um equipamento para tratar lesões pré-malignas no colo do útero, ou Neoplasias Intraepitelias Cervicais (NICs ), causadas pelo vírus HPV. A iniciativa conta com apoio de R$ 1,2 milhão da Finep.

O tratamento, não invasivo, consiste na aplicação de um creme, no colo do útero, que contém aminolevulinato de metila (MAL – PDTPharma), substância que, ao entrar em contato com células, é convertida em outra (protoporfirina IX). Com o auxílio da iluminação do equipamento denominado CerCa 150 System, uma reação com oxigênio acontece e as lesões são destruídas. Tanto o creme quanto o aparelho utilizados no tratamento são produzidos integralmente no Brasil.

A terapia fotodinâmica, técnica já conhecida em tratamentos de condilomas e de câncer de pele, curou 100% das 70 pacientes, com faixa etária entre 14 e 58 anos, portadoras de NIC de baixo grau (ou NIC 1), estágio inicial das lesões. As mulheres foram atendidas no ambulatório de saúde da mulher da Prefeitura Municipal de Araraquara (SP).

Considerada uma das doenças que mais matam mulheres no mundo, o câncer de colo do útero se desenvolve a partir da Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC), lesão causada pela infecção do vírus HPV (a sigla em inglês para papilomavírus humano). A infecção ocorre predominantemente pela via sexual e a manifestação dos sinais e sintomas depende do sistema imunológico do indivíduo portador, bem como de outros fatores de risco (como múltiplos parceiros sexuais e tabagismo).

Sobre a pesquisa

Coordenado pelo docente Vanderlei Salvador Bagnato, o estudo foi iniciado em 2011 pela pesquisadora Natalia Mayumi Inada. Em 2014, o Grupo de Óptica fez uma parceria com a doutora Renata Belotto, do Hospital Pérola Byington (Centro de Referência em Saúde da Mulher, em São Paulo), e com o doutor Welington Lombardi, para avançar os tratamentos das NICs de alto grau (2 e 3). A pós-doutoranda Fernanda Mansano Carbinatto, bolsista do projeto, também auxiliou no tratamento de lesões que têm maiores chances de evoluírem para o câncer de colo de útero. Nesta segunda etapa, participam 60 voluntárias, metade delas tratada com a terapia fotodinâmica. Até o momento, 10 pacientes foram avaliadas e, em 80% dos casos, houve regressão das lesões.

A pesquisa já gerou uma patente internacional, um produto nacional aprovado pela Anvisa (o equipamento CerCa 150 System), uma publicação internacional no formato de Proceedings e um artigo em fase de submissão.

Fontes: Portal Brasil e Assessoria de Comunicação- IFSC/USP