Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Relatório sobre deep techs brasileiras mapeia 875 startups, a importância da alavancagem via Finep e aponta horizonte promissor
fechar
Compartilhar

 

 danielpimentelemerge

 

Na quarta-feira, 6/11, aconteceu o seminário “Relatório Inédito das Deep Techs”, com a apresentação de Daniel Pimentel (cofundador e diretor da Emerge), evento organizado pelo chefe de gabinete da Finep, Fernando Peregrino. Na definição proposta pelo palestrante e outros especialistas que se debruçaram sobre o estudo seminal no Brasil, deep techs são tecnologias baseadas em avanços científicos (que possuem - ou que superaram - riscos de desenvolvimento e têm grande potencial de liderar mudanças, estabelecer novas indústrias e reinventar as atuais). Conheça aqui o relatório completo.

Pimentel afirmou que “as deep techs pressupõem o risco como base de ação” e, a despeito de muito atreladas à essência das startups, também podem se conectar às indústrias mais consolidadas e até à Academia. Afinal, não deixam de estar antenadas com a busca de soluções de desafios para temáticas pulsantes de momento (que impactam o país e o globo), tais como alimentação, saúde, energia limpa, crescimento econômico com distribuição de renda, mudanças climáticas, reflorestamento e perda da biodiversidade, fontes de recursos e materiais sustentáveis, Inteligência Artificial e suas implicações éticas e alcance.

O relatório teve seu foco nas startups deep techs. “Mapeamos 875 startups deep techs brasileiras, com grande parte do ecossistema concentrado em São Paulo (55%), 67% na região sudeste”. Ainda de acordo com o pesquisador e executivo, “as biotechs são dominantes no ecossistema e atuam em diversos setores, com destaque em saúde e agro”.

Fernando Peregrino complementou a fala do expositor afirmando que seu desejo é de que “as deep techs não sigam o mercado de modo cego, mas a partir de um roteiro que está posto: as missões apontadas pela Nova Indústria Brasil (política de neoindustrialização do Governo Federal), com sinalização para a conexão entre universidades e mercado, investimento setorial estratégico, olhar público”. Pudera: no relatório apresentado por Pimentel, está expresso que o maior desafio de uma deeptech é provar a viabilidade de sua tecnologia, sendo foco de 70% das startups.

“O ideal é um ecossistema novo, com assistência a cientistas e empresas, para guiar pesquisas e mercado de modo aderente e a partir de suas demandas”, destacou Peregrino, inserindo, ainda, a importância das deeptechs focadas em hardware no debate, algo apoiado por Pimentel. Presente ao evento, André Godoy, da ABDE, concordou com Peregrino, que foi seguido em fala pelo assessor da Finep, Luiz Davidovich, ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências: “deep techs devem fomentar também uma nova demanda do mercado, não necessariamente o que ele quer agora”.

Daniel Pimentel avançou em sua exposição com a apresentação de dados relativos a apoio público para deep techs, o que toca diretamente a missão da Finep. “Programas de subvenção/ fomento público e investimentos anjo representam 70% do aporte para o desenvolvimento de novas tecnologias”, assinalou. Os dados, de fato, impressionam: mais de 70% das deep techs que receberam mais de R$ 5 milhões de investimento utilizaram recursos públicos.

“As startups deep techs podem, ainda, ser a grande oportunidade de investimento para fundos de Venture Capital e Corporate Venture Capital”, também ressaltou. A explicação está na melhor eficiência de capital e no fato de não demandarem, necessariamente, ajustes das expectativas de prazo, indicadores e retorno para os fundos. “Vale ressaltar que o modelo de negócio de deep techs está concentrado no desenvolvimento de novas tecnologias para venda direta ou licenciamento para grandes indústrias”, disse.

Questionado por Mauricio Neves, do BNDES, sobre os diferentes instrumentos disponíveis para apoio, Pimentel insistiu na importância do fomento público e completou que é preciso as companhias desenvolverem modelos de negócio definidos. “Entender a natureza do recurso para cada etapa maximiza as chances de sucesso”, aconselhou.

A mensagem final em um planeta que clama por economia verde foi direta: “a gente pode liderar a agenda climática, e ela é o próprio ‘cross’ setorial. As demandas biotecnológicas abrem muitas frentes e possibilidades às nossas deep techs”.