Foto: Luiz Crosara
Uma planta piloto de geração e armazenamento de energia fotovoltaica totalmente inovadora, com capacidade para produzir hidrogênio a partir da energia solar e, em um processo reverso, gerar a energia elétrica para inserção no sistema interligado do País, já está em pleno funcionamento em uma unidade da empresa Furnas – Centrais Elétricas S.A, geradora do sistema Eletrobras. Desenvolvida por consórcio, liderado pela empresa Base Energia Sustentável, em uma parceria com a Unicamp, Unesp, Senai Tecnologia e Automação de Goiânia e BTU/CEBra – BTU - Brandenburg University of Technology Cottbus – Senftenberg que é um instituto de tecnologia da Alemanha, a Planta experimental estuda como atender demandas pontuais de energia ocasionadas por variações ocorridas diariamente no Sistema Interligado Nacional. Orçado em R$ 44,5 milhões, o projeto de pesquisa e desenvolvimento recebeu financiamento da ordem de R$ 40 milhões da Finep, empresa pública do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Os R$ 4,5 milhões restantes foram desembolsados por Furnas, a título de contrapartida.
O consórcio responsável pelo projeto foi selecionado em edital, lançado em 2016 pela Eletrobras Furnas, que considerou a proposta do grupo como a de maior aderência e melhor preço, visto que a seleção pública se baseou na Chamada 21 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que previa a elaboração de estudos, no País, de tecnologias alternativas de armazenamento de energia para inserção no sistema elétrico brasileiro.
A vantagem da nova Planta – localizada em Goiás, na Usina Hidrelétrica de Itumbiara, é que ela proporciona ganho de estabilidade ao sistema, já que permite armazenar a energia solar, nem sempre disponível, transformar essa energia em hidrogênio e, posteriormente, fazer a conversão deste combustível em energia elétrica – tudo isso sem provocar nenhum dano ao meio ambiente. A máquina que transforma a energia solar em hidrogênio opera a partir da água. No projeto, foram empregadas três tecnologias interligadas, que incluem equipamentos específicos para geração e armazenamento de energia solar, de hidrogênio e, por último, de armazenamento eletroquímico em baterias de lítio, que também ajudam a devolver energia para o sistema.
Segundo Jacinto Maia Pimentel, do Departamento de Segurança de Barragens e Tecnologia da Eletrobras Furnas, o hidrogênio está em uso no Brasil há muitos anos, a diferença é que a tecnologia empregada ainda hoje na sua produção gera emissão de CO2 na atmosfera. “A busca é por tecnologias que permitam obter o hidrogênio com o mínimo de carbono”, afirmou. Recentemente, a empresa alcançou um marco histórico no Brasil, do ponto de vista de pesquisa e desenvolvimento, de um volume de produção de 1,5 tonelada de hidrogênio verde, algo até então inédito no País.
O domínio da tecnologia desta nova planta – o projeto, na fase atual, realiza correções e ajustes dos equipamentos - abre para a Eletrobras Furnas possibilidades de comercialização do hidrogênio em novos mercados – incluindo os setores farmacêutico, alimentício e metalúrgico, onde existem perspectivas de negócios em torno de um possível fornecimento do combustível para fabricação do aço verde. A Eletrobras Furnas prevê investir R$ 20 milhões até 2025 para entender melhor como funciona a cadeia de produção do hidrogênio verde e, com isso, baratear o processo de obtenção do combustível no país.