Em palestra realizada na terça-feira (12) na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, o presidente da Finep, vice-presidente licenciado da FGV e economista, Marcos Cintra, falou sobre os benefícios que a área de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) traz ao Brasil e os desafios enfrentados pelo setor. “Pela primeira vez, em toda a história do pensamento econômico, chegou-se a um consenso: o desenvolvimento econômico de qualquer nação tem sua base fundamental em C,T&I”, destacou Cintra.
De acordo com dados apresentados durante a palestra, publicados pela Levy Economics Institute em fevereiro de 2017, o incremento de 1% nos gastos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) gera um crescimento adicional no Produto Interno Bruto (PIB) dos países de 9,92%. Educação e infraestrutura e expansão, por exemplo, trariam um retorno incremental de apenas 0,25% e 0,01%, respectivamente.
O economista comentou que, embora o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação tenha triplicado seu tamanho nos últimos 15 anos, os resultados produzidos pela ciência brasileira não têm alavancado novos produtos e processos nas empresas. “Em termos percentuais, o Governo tem investido em institutos de pesquisa no mesmo patamar de países desenvolvidos, mas não estamos sendo capazes de transformar conhecimento científico e tecnológico em inovação, em valor”, enfatizou. “Nosso principal desafio é atrair investimentos privados para as atividades de P&D”.
Atualmente, o Brasil investe 1,27% do PIB em P&D – pouco menos da metade vêm do setor privado. Na Coreia do Sul, um dos países que mais injetam recursos na área, o mercado é responsável por cerca de 80% dos gastos. Isso ajuda a explicar por que o Brasil é o 13º país no ranking mundial de produção científica, mas ocupa apenas a 69ª posição no Global Innovation Index (de 127 nações).
Para o presidente da Finep, algumas hipóteses explicariam o baixo índice de inovação nas empresas brasileiras. “Os investimentos em educação ainda deixam lacunas importantes, principalmente na formação de engenheiros e nos resultados da educação básica (enquanto o Brasil forma 288 engenheiros por milhão de habitantes, a Coreia do Sul gradua 1789)”, disse. O ambiente econômico e de negócios instável, o mercado nacional altamente protegido e a baixa cooperação entre institutos de pesquisa e empresas completariam o quadro. “Se não tivermos instituições solidas, estáveis e desburocratizadas, dificilmente o setor privado vai aumentar o nível de investimentos em P&D”, concluiu.