Tintas totalmente ecológicas produzidas a partir do solo são a realidade e o enfoque do projeto Cores da Terra, iniciado há 12 anos em Viçosa, MG. A iniciativa, além de promover oficinas de fabricação de tintas, também realiza a pintura de casas e igrejas em áreas mais carentes da cidade. O Cores da Terra é uma parceria dos professores e pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e hoje está presente em 10 estados brasileiros.
Tudo começou em 2004, durante uma aula sobre propriedades dos solos no curso de Geografia da UFV. Uma estudante que teve sua casa pintada com terra levantou a possibilidade de ter essa técnica difundida na universidade em forma de atividade. Juntos, professor e alunos elaboraram um projeto de extensão universitária com foco em tintas produzidas a partir de solos. Dois anos depois, durante o Congresso Brasileiro de Agroecologia, a iniciativa foi apresentada ao Incaper e tomou proporções ainda maiores. As oficinas que antes aconteciam apenas em Minas Gerais, passaram a acontecer também no Espirito Santo. No ano seguinte, o painel principal do Congresso foi constituído com as tintas do Cores da Terra.
Para a coordenadora do projeto, Rachel Quandt Dias, as principais etapas do Cores da Terra incluem o resgate de conhecimentos locais, a mobilização para a coleta de solos no entorno do local da ação, a escolha das cores pela comunidade, o preparo dos solos e da logística operacional e a execução da pintura. As primeiras oficinas e cursos de capacitação eram voltados principalmente para agricultores familiares, artesãos e pintores locais. Alguns artesãos e artistas plásticos do Espirito Santo passaram a substituir tintas convencionais pelas produzidas à base de terra e pigmentos naturais.
Em 2009, o projeto levou o primeiro lugar na categoria Tecnologia Social da região Sudeste do Prêmio Finep. Isso rendeu um aporte de aproximadamente R$ 500 mil e permitiu a ampliação das oficinas para outros estados. Alguns anos depois, as tintas da terra receberam validação pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o que reforçou ainda mais a qualidade do material.
Leia a matéria completa na 20ª edição da Revista Finep.