Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Finep aprova R$ 5,4 mi de subvenção para sistema não invasivo de monitoramento da pressão intracraniana, desenvolvido pela Brain4care
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 brain4carefoto

A Finep acaba de aprovar R$ 5,4 milhões de subvenção econômica (recurso não-reembolsável para empresas de base tecnológica) para realização de estudo clínico fase II que irá avaliar a eficácia e usabilidade do sistema da Brain4care – startup deep tech brasileira - em tratamentos emergenciais de condições neurológicas, como traumatismo cranioencefálico (TCE) e acidente vascular cerebral (AVC), no Sistema Único de Saúde (SUS). A tecnologia, inovadora, oferece monitoramento contínuo e não invasivo da pressão intracraniana (PIC).

O sistema é baseado em sensores colocados na superfície do crânio do paciente que captam micro variações, na forma óssea, que ocorrem devido às mudanças na pressão intracraniana e as convertem em sinais elétricos, transmitidos para um dispositivo de processamento. Trocando em miúdos, fornece dados não invasivos em tempo real da PIC e complacência intracraniana (CIC), bem como sua tendência ao longo do tempo, permitindo medidas rápidas sobre a dinâmica cerebral.

“Nós comprovamos que o crânio pulsa e desenvolvemos uma tecnologia que consegue capturar essas micro expansões de modo não invasivo, com um sensor posicionado na cabeça do paciente. Utilizamos Inteligência Artificial para extrair diversos parâmetros dessa monitorização. Há dados que, antes da brain4care, só podiam ser obtidos por métodos invasivos”, explica Plino Targa, CEO da Deep Tech.

 

Qualificação no diagnóstico

Pioneira no mundo de monitorização não invasiva, a descoberta científica brasileira se baseia, portanto, no fato de que a caixa craniana é extensível. Isto, na prática, permite que profissionais de saúde obtenham, em minutos, um indicador de saúde cerebral que qualifica o diagnóstico, orienta a terapêutica e indica a evolução de distúrbios neurológicos, aumentando a pertinência dos cuidados, a segurança do paciente e a otimização dos recursos.

Antes da tecnologia Brain4care, informações sobre a pressão intracraniana só podiam ser obtidas, por exemplo, com a inserção cirúrgica de um cateter na caixa intracraniana, o que limitava o uso desse método.

No Brasil, a tecnologia Brain4care já está presente em mais de 80 instituições de saúde, principalmente clínicas e hospitais. “Temos visto um aumento de interesse pela solução da Brain4care, e estamos em negociações avançadas com novas clínicas e hospitais”, diz Targa.

 

Apoio às deep techs

Não é de hoje que a Finep dá apoio às deep techs (startups de base científica) de modo a resolver um problema histórico: o Brasil ainda carece de ampla variedade de mecanismos públicos ou privados para financiar projetos capazes de resolver problemas de alto impacto social e valor agregado (como exames médicos mais rápidos e seguros). Em julho passado, a financiadora promoveu um debate sobre o tema durante a 5a Conferência Nacional de CT&I.

Um dos maiores entraves enfrentados por essas empresas - de acordo com Fernando Peregrino, chefe de gabinete da presidência da Finep (que coordenou a sessão) - é que elas precisam de ações de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de longo prazo, e de investimentos elevados e de alto risco, mas obtêm retornos apenas em médio prazo.

Por isso, exigem aportes maiores em suas fases iniciais quando comparadas a empresas nascentes de base tecnológica que oferecem soluções de rápida implementação. “As deep techs são um fenômeno que vem ocorrendo no mundo todo. Por serem menores e terem grande capital intelectual, conseguem focar em problemas sobre os quais as grandes corporações não pensam”, afirmou Peregrino, na ocasião.

Mas as perspectivas são promissoras e a Finep protagoniza mais uma virada: em julho passado, a financiadora promoveu um debate sobre o tema durante a 5a Conferência Nacional de CT&I, que resultou no lançamento do livro “A Finep e a Neoindustrialização - Startups, deep techs e seus ecossistemas". O volume traz os pontos principais do seminário que reuniu representantes de diversas startups disruptivas para fornecer elementos para a construção de uma nova política de CT&I.