Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Startup brasileira Olho do Dono vence batalha de startups do TechCrunch
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A startup brasileira Olho do Dono, investida pelo programa da Finep Tecnova via FAPES (ES), e que oferece um serviço de monitoramento do peso de gados em fazendas, venceu a primeira edição do Startup Battlefield feita na América Latina, em São Paulo. Realizado pelo site especializado em tecnologia TechCrunch há 12 anos, a batalha de startups se tornou conhecida por revelar empresas como o serviço de computação em nuvem Dropbox. 

Como prêmio da batalha de startups, a Olho do Dono ganhou US$ 25 mil e a chance de participar, no ano que vem, da competição Disrupt Cup, durante o TechCrunch Disrupt, principal evento da empresa, em São Francisco, nos Estados Unidos. Segundo Pedro Henrique Coutinho, fundador e presidente executivo da Olho do Dono, o plano da empresa é usar o dinheiro recebido para o lançamento comercial de seu produto.

A ideia da startup, premiada pelos jurados, consiste em usar uma câmera 3D para identificar o peso do gado bovino. Na prática, o fazendeiro posiciona a câmera em algum caminho estratégico em que os bois costumam andar no dia a dia, como perto da porteira, e o equipamento identifica o peso à medida que os animais passam na frente da câmera. A partir dos dados, a Olho do Dono oferece uma plataforma que faz recomendações de otimização do negócio, como, por exemplo, qual gado está pronto para venda e qual precisa de mais cuidados.

A câmera custa R$ 3 mil, e deve ser conectada a outros equipamentos para seu funcionamento pleno. Esta é uma nova etapa para a carreira da startup, que foi fundada em 2014 e já monitorou, usando outras tecnologias, mais de 15 mil bois em cinco estados brasileiros.

Alternativa à balança. Formado em Ciência da Computação, Coutinho criou a startup ao unir a demanda de um amigo à solução que outro oferecia -- um deles, que trabalhava com consultoria financeira em fazendas, relatava problemas com a pesagem, enquanto o outro colega tinha uma câmera 3D que pesava minério de ferro.

“A dificuldade com a pesagem tradicional é que o gado tem que andar grandes distâncias até o curral, pode se machucar no trajeto, além de que ele fica o dia todo confinado, sem beber água nem se alimentar” explica Coutinho. “É trabalhoso e caro, por isso que a maioria das fazendas pesa o boi duas vezes por ano, só quando tem vacinação”

Adaptando a câmera 3D para a realidade da fazenda, ele criou a Olho do Dono. Antes, Coutinho tinha uma empresa de software, na qual trabalhou por mais de 14 anos. A startup de pecuária, que hoje tem 8 funcionários, recebeu em agosto deste ano um investimento de R$ 1 milhão, do fundo Primatec, por meio da empresa Mogai.

Segundo com o executivo, as únicas soluções no mercado que pretendem resolver o problema da pesagem de gados são aplicativos que tiram fotos convencionais. “Para isso, o boi precisa ficar parado, a câmera posicionada na perpendicular, é inviável na rotina”, diz. Para ele, foi o produto completamente inédito que fez a Olho do Dono vencer o Startup Battlefield da América Latina.
Competição. Para o evento em São Paulo, estiveram no palco 15 startups latinas, de diversas partes da região e de vários setores de atuação. Elas foram selecionadas a partir de 401 candidatas que enviaram vídeos apresentando as empresas à equipe do TechCrunch. Durante as últimas semanas, as 15 startups que participaram do evento desta quinta-feira fizeram treinamentos das apresentações com o site americano.

No caso de Coutinho, foi o seu primeiro pitch falando em inglês. “Para conseguir falar mais devagar no palco, tive até que treinar com uma caneta na boca”, conta. Quando acordou no dia do evento, fez durante uma hora exercícios de respiração.

Ao longo do dia, houve três sessões de pitch para uma banca de jurados composta por empresários, investidores e editores -- em cada sessão, cinco startups se apresentaram.
Depois das avaliações, cinco startups chegaram à fase final, sendo que a Olho do Dono foi a única brasileira no grupo. Em segundo lugar na competição, ficou a startup mexicana Unima, que oferece um serviço que facilita diagnósticos de doenças.

Após a premiação, na conversa com jornalistas, Coutinho ainda não tinha digerido os resultados. “Não sei lidar com tudo isso, não estou acostumado”, disse, “é a validação e o reconhecimento de um trabalho duro”.
Grandes nomes. Além da competição, o evento reuniu figuras latinas importantes do ecossistema de startups para palestras e discussões. Entre os nomes que subiram no palco estão Fabricio Bloisi, fundador e presidente executivo da Movile, Cristina Junqueira e David Velez, fundadores do Nubank, Sebastián Mejía, co-fundador da Rappi, Eric Acher, do fundo Monashees e Veronica Serra, do fundo Innova Capital.

(com informações de O Estado de São Paulo)