Cerimônia contou com a presença do presidente Michel Temer e do ministro Gilberto Kassab (Foto: Cesar Itiberê/PR)
O Centro Experimental de Aramar, em Iperó, recebeu o lançamento da pedra fundamental do Reator Multipropósito Brasileiro e do início dos testes de integração dos turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica. A Finep financiou o projeto com R$ 163 milhões.
“A Finep se orgulha de ter alocado recursos no projeto através do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Fiquei impressionado com o porte das instalações”, disse Marcos Cintra, presidente da Finep. O economista visitou a obra pela primeira vez nesta sexta-feira (8), antes da cerimônia de lançamento, que ainda contou com a presença do presidente Michel Temer e do ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab.
O RMB é um reator nuclear que tornará o Brasil autossuficiente na produção de radioisótopos – insumo fundamental para a fabricação de rádiofármacos, de grande importância para o tratamento de doenças em diversas áreas da Medicina, como a cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia. O Labgene – parte essencial do Programa Nuclear da Marinha (PNM) – é o protótipo, em terra, da planta nuclear do futuro submarino com propulsão nuclear brasileiro. “Trata-se de um projeto fundamental para a ciência brasileira em dois aspectos: vai possibilitar avanços em estudos da área nuclear e a produção de radiofármacos para a medicina brasileira”, ressaltou Wanderley de Souza, diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Finep.
Sob a responsabilidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear, autarquia vinculada ao MCTIC, o Complexo do Reator Multipropósito Brasileiro será erguido em Iperó, em uma área de 2,04 milhões de metros quadrados. A estrutura terá, além do reator nuclear de pesquisa, toda uma infraestrutura de laboratórios para realizar um conjunto de atividades. Os principais laboratórios associados são de processamento e manuseio de radioisótopos, de feixe de nêutrons, de análise pós-irradiação e de radioquímica e análise por ativação, além de instalações de apoio para pesquisadores."Há mais de 25 anos, a Finep garante linha de pesquisas para setores estratégicos, materiais e processos. Com isso, se tornou uma garantia que teremos sempre nossos pesquisadores mobilizados", diz o contra-almirante André Luís Ferreira Marques, diretor da área de desenvolvimento nuclear da Marinha.
Com o inicio de operação do RMB previsto para acontecer em seis anos, o país terá condições de abranger todo o espectro das pesquisas nucleares. "O reator, ao lidar com produzir feixes de neutrons, torna-se complementar a outro laboratório, o Sirius, onde fica o acelerador de elétrons, também apoiado pela Finep", explica José Augusto Perrotta, coordenador do projeto na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), parceira da Marinha na construção da unidade.
O empreendimento RMB, da forma concebida, será o catalisador para um grande centro de pesquisa nacional de aplicação de radiação para benefício da sociedade. O reator será capaz de produzir os radioisótopos que o Brasil precisa, e que hoje são importados, reduzindo os riscos de desabastecimento e diminuindo os custos para a produção dos radiofármacos, o que permitirá maior volume de exames e tratamento de doenças, em especial de diferentes tipos de câncer.
Para Luiz Davidovich, presidente da ABC (Academia Brasileira de Ciências), “este é um momento especial para a ciência brasileira, com a ampla possibilidade de aumento de conteúdo nacional para, por exemplo, a cura de doenças”.
Helena Nader, presidente de honra da SBPC (Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência), destacou que “o reator significará melhores condições para o investimento na área médica, com a consequente ampliação do atendimento em medicina nuclear, para um maior contingente populacional”