Acaba de ser anunciado o resultado final da Linha 2 do edital FINEP MAIS INOVAÇÃO BRASIL SAÚDE – ICTs. O objetivo da iniciativa – parceria da Finep com MDIC, MS, BNDES e Anvisa – é que ICTs tomem dinheiro para pesquisa, desenvolvimento e inovação em projetos que envolvam risco tecnológico e que contribuam para ampliar o acesso da população à saúde.
A linha com resultado divulgado (R$ 150 milhões) é para Terapias Avançadas: desenvolvimento de plataformas tecnológicas que gerem produtos estratégicos para o SUS (plataforma de RNA, plataforma Biológica, plataforma de Anticorpo Conjugada a Droga, plataforma de Vetor Viral para Doenças Raras e ensaios clínicos de outras plataformas de terapias avançadas. Houve 16 propostas com mérito aprovado, totalizando quase R$ 315 milhões. Sete foram contempladas no limite financeiro estabelecido pelo edital.
Uma das propostas aprovadas foi a do Hemocentro de Ribeirão Preto, fundação de apoio ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), que vai receber um investimento de quase R$ 50 milhões para o desenvolvimento da terapia com as células CAR-NK, voltada para o tratamento do câncer.
O programa é fruto de aliança estratégica entre o Hemocentro RP, a USP, o HCFMRP-USP e o Instituto Butantan para pesquisar, desenvolver e entregar aos pacientes do SUS tratamentos mais modernos e efetivos contra o câncer.
A proposta visa desenvolver um produto inovador e inédito no país a partir de células CAR.19-NK, com aplicação clínica. A abordagem alogênica, ou seja, quando o procedimento utiliza células de doadores saudáveis e já prontas para uso (“off the shelf”), permite um acesso mais rápido e seguro ao tratamento, além de eliminar a necessidade de um produto autólogo (personalizado e específico), com custos elevados e complexa produção.
Com execução da PUCRS - União Brasileira de Educação e Assistência – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, foram aprovados mais de R$ 46 milhões para produção de plataforma alvo-específica para edição gênica em neurônios com mutação no gene MTOR de portadores de epilepsia e deficiência no neurodesenvolvimento.
Há, ainda, apoio para o desenvolvimento de nanomedicamento biológico a partir de microRNAs de precursoras neuronais humanas para doença de Alzheimer, plataforma biológica de células tronco em nanoscaffolds biomiméticos para tratamentos regenerativos em oftalmologia, desenvolvimento de produto de terapia avançada para o tratamento de lesões degenerativas articulares incapacitantes, dentre outros.
O edital todo, no valor de R$ 250 milhões não reembolsáveis, apresentou demanda cerca de dez vezes maior que o edital – R$ 2,519 bilhões (204 propostas) – o que demonstra um ambiente bastante receptivo por parte de todo o Sistema Nacional de CT&I. As outras linhas, com resultado nas próximas semanas, são:
- Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs): desenvolvimento de IFAs estratégicos para o SUS e desenvolvimento de ensaios não clínicos de IFAs e clínicos (fase 1 e 2) de medicamento experimental com IFA novo (R$ 50 milhões);
- Produtos e Terapias com alto impacto para o SUS: desenvolvimento de lipídios e marcadores moleculares para liberação de fármacos; desenvolvimento de aplicações em neurociência; desenvolvimento de próteses por impressão 3D; diálise peritoneal; tratamento de queimaduras e outras lesões e xenotransplante (R$ 50 milhões).