Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Seminário na Finep com foco nas cheias do Rio Grande do Sul debate biomas brasileiros e políticas efetivas para eventos climáticos extremos
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A Finep promoveu seminário, em 25/6, com os seguintes temas: 1) situação do Rio Grande do Sul e todos os desafios para os biomas brasileiros; 2) Políticas públicas e experiências do setor privado em projetos de mitigação/adaptação. Ação coordenada por Fernando Peregrino, chefe de Gabinete da Finep, a primeira mesa reuniu Ima Vieira, especialista da própria Finep, Oswaldo Moraes (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI), Marcelo Dutra (Universidade Federal do Rio Grande - FURG), Regina Alvalá (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden), Mariana Vale (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) e Gilberto Câmara (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE). Veja fotos no Flickr e assista ao vídeos no canal da Finep no Youtube.

Celso Pansera, presidente da Finep, foi o responsável pela abertura, destacando que o debate sobre os biomas brasileiros é fundamental em tempos de aquecimento global e profundas emergências climáticas. “O Pantanal, por exemplo, nos preocupa em demasia, diante dos incêndios que agora marcam a região”, disse, complementando que o seminário pode e deve “impactar o trabalho dos analistas da Finep na busca por soluções e caminhos baseados em sustentabilidade e preservação em tempos críticos e de transição de modelo econômico”, disse.

Marcelo Dutra, da FURG, destacou a urgência de preparação para fenômenos extremos, como El Niño. “O clima muda em razão, por exemplo, da carbonização. Estamos no caminho global de dois graus a mais, se compararmos com níveis pré-industriais. Regiões baixas, como Pelotas (RS), sofrem quando as chuvas se acentuam nesse contexto todo. Fácil, ainda, perceber que os invernos estão mais amenos, o que parece bom em percepção displicente, mas é um problema gigante para todo o equilíbrio ambiental. Precisamos investir em prevenção e adaptação, não apenas socorro”, apontou.

Regina Alvalá, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), tratou da vulnerabilidade dos biomas brasileiros frente a eventos extremos. Desmatamento no Amazônia, inundações no Sudeste e no Sul ante ocupação desordenada, secas extremas no Nordeste, erosão de solo, deslizamentos, por exemplo, foram citados. “A temperatura média subiu e precisamos estar preparados cada vez mais para impactos socioeconômicos e nos ecossistemas em todo o país”, sinalizou, destacando que, no caso do Rio Grande do Sul, o Cemaden emitiu mais de 80 alertas, com monitoramentos constantes em todo o Brasil.

Professora da UFRJ, Mariana Vale falou da resiliência dos biomas brasileiros, ou seja, a capacidade de um sistema de voltar ao seu estado original após perturbação. “Corais, por exemplo, são mais sensíveis que florestas, levando séculos para recomposição após algum evento perturbador extremo”, explicou. Ou seja, da combinação entre ameaça climática, exposição e vulnerabilidade de um bioma tem-se o risco climático. “O estudo de resiliência é fundamental num contexto de aquecimento global. Exceto a Amazônia, todos os biomas carecem de unidades de conservação”, alertou.

Já Ima Vieira tratou da interação entre biomas brasileiros e vulnerabilidade de populações locais. “O empobrecimento do bioma a partir de queimadas é muito preocupante”. Citou, por exemplo, os rios voadores da Amazônia, e sua dinâmica para precipitações - fundamentais a outros biomas brasileiros. “Fogo e desmatamento precisam ser encarados pelo poder público no contexto de alteração climática”, também destacando que, apesar de incêndios perigosos, a Amazônia é o bioma mais conservado. E completou: “com apenas 5% dos nossos municípios não-vulneráveis, precisamos pensar nosso modelo de desenvolvimento, porque a verdade é que desmatamento não gera riqueza”.

BIOMA2Gilberto Câmara, do INPE: "É preciso facilitar o financiamento público para CT&I"

Gilberto Câmara, do INPE, falou sobre responsabilidade governamental num momento de emergência como o atual, ou seja, salientou que modernizar monitoramento e investir em pesquisas é algo vital. “É preciso que nossas instituições estejam empoderadas, com dados completos e de acesso publico. Por isso estamos trabalhando no Brazil Data Club, que trate e publique mega dados. Mas é preciso facilitar o financiamento público para instituições de CT&I”, salientou.

Último a falar na primeira mesa, o diretor para a área de Clima e Sustentabilidade do MCTI, Oswaldo Moraes ressaltou que o impacto de eventos climáticos tem a ver com a vulnerabilidade. “Gestão do risco é gerir vulnerabilidade. Ou seja, diante de evento extremo, se uma ação antrópica (do homem) aponta transformação de uma região em vulnerável (ocupação de encostas, casas de bombas que não funcionam ao lado de rio, erosão), a tragédia é certa”, disse. Louvou o Cemaden e sua capacidade - "única no mundo" - de fazer monitoramentos climáticos com assertividade e estabelecimento de prazos para definição de estratégias.

“Mas é preciso integração geral com planejamento, correção, alerta e até com socorro imediato (planos de contingência e resposta)”, finalizou.

A segunda mesa do dia reuniu palestrantes para debater o tema "Políticas públicas e experiências do setor privado em projetos de mitigação/adaptação". Luiz Davidovich, assessor da Presidência da Finep, coordenou as apresentações.

Em sua fala, Rui Oppermann, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirmou que "é preciso contextualizar a tragédia no Rio Grande do Sul num aspecto maior. A crise ambiental vai além da crise climática - tem a ver como o sistema capitalista organiza e lida com a natureza. Temos o desafio real do aquecimento global e a ciência é o caminho que aponta para novas trajetórias". 

Isabela Andrade, reitora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) detalhou como as universidades e institutos públicos responderam prontamente à emergência das enchentes no RS, com ações efetivas e variadas. Representando na ocasião a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a reitora explicou, também, que a entidade acaba de encaminhar ao MCTI a proposta de criação do Centro Sul Brasileiro para Previsão e Mitigação de Impactos de Eventos Extremos e Mudanças Climática. "O intuito é prevenir fenômenos climáticos do Sul do País e de todo o Brasil", disse. A iniciativa foi apresentada à ministra Luciana Santos no dia 21/6. 

O analista do Departamento de Relações Internacionais da Finep, Rodrigo Costa, falou da importância da Financiadora em toda a cadeia de inovação do Brasil e fez um resumo da presença estratégica do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que tem a Fiep como secretaria -executiva, na política de C,T&I no País. O analista finalizou lembrando que a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que acontece de 30/7 a 1/8, em Basília, "será um excelente palco para elevar as discussões ora em questão neste seminário". 

A última parte das apresentações reuniu representantes de três empresas: Pharmacos da Amazônia, GAAS e re.green. Com sede em Manaus (AM), a Pharmacos da Amazônia produz e comercializa cosméticos derivados da biodiversidade amazônica e com apelos naturais e de sustentabilidade. Para Schubert Pinto Júnior, diretor comercial da empresa, "o desafio é não só gerar riqueza sem destruir a floresta, mas também preservar as culturas locais, investir em educação. A Amazônia é tudo isso', resumiu. 

Eduardo Martins, diretor no Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), explicou como sua empresa pratica e estimula "a agricultura com princípios inspirados na natureza, utilizando menos insumos químicos tradicionais e investindo muito em capital humano". A GASS promove uma agricultura tropical com base em modelos regenerativos e sustentáveis para oferecer alimentos saudáveis. 

A mesa finalizou com a apresentação de Thiago Picolo, CEO da re.green, empresa que restaura áreas degradas plantando uma nova floresta. "Mas vamos além do reflorestamento", afirma Picolo. "A re.green atua em restauração ecológica em escala, devolvendo todos os subsistemas e biodiversidade às nossas florestas, com capacitação das comunidades locais em como monetizar em créditos de carbono, por exemplo".