A Finep realizou no dia 16/1 o segundo de uma série de Seminários Temáticos sobre "Neoindustrialização em novas bases e apoio à Inovação nas empresas". Os resultados dos encontros servirão como subsídio para a 5ª CNCTI - Conferência Nacional de CT&I, que acontece, em junho de 2024, em Brasília.

O evento foi dividido em duas partes e tópicos. De manhã, o foco das discussões foi "Transição Energética"; à tarde, o mote foi Descarbonização da Indústria. "É um prazer e um privilégio organizar esses debates, missão dada à Finep pela ministra Luciana Santos", disse o chefe de Gabinete da Finep, Fernando Peregrino, ao abrir o encontro, que contou com a participação de um público, presencial e online, de cerca de 500 pessoas. Veja aqui a segunda parte do evento e também os links paras fotos e vídeos.

Para o presidente da Finep, Celso Pansera, "os temas apresentados no evento são essenciais, já que a Conferência irá guiar uma nova estratégia nacional de Ciência e Tecnologia e a própria Finep aguarda os resultados para reorganizar o seu funcionamento, a sua missão e para projetar o seu futuro".

Um dos palestrantes da primeira mesa, o diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim afirmou que "o Brasil tem uma matriz que é bastante renovável. Enquanto no mundo cerca de 15% da energia é renovável, no Brasil é quase 50%. Dados os recursos naturais do País, a transição energética tem o potencial para ser o catalisador de uma neoindustrialização sustentável", disse. 

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (Inpo), Segen Estefen, demostrou o grande potencial energético dos mares, que pode ser explorado de maneira sustentável por meio das ondas ou do gradiente térmico, por exemplo. "Quando se fala em gradiente térmico, o Brasil tem um potencial excepcional, porque se trata de uma energia sem intermitência, que pode ser gerada da região Sudeste até a região Norte durante todo o ano e, em épocas mais favoráveis, também na região sul", explicou.

Para Newton Hamatsu, superintendente de Inovação da Finep, "a energia do futuro será cada vez mais renovável e a grande expansão irá acontecer entre o solar e a eólica. E o Brasil tem condições naturais muito favoráveis nesses aspectos, com ótima incidência de luz solar, e excelentes condições de vento. O hidrogênio também terá papel de muito destaque. No ano passado, a Finep bateu um recorde histórico, com o maior volume operado até aqui nos temas de transição energética - foram mais de 100 projetos apoiados. A tendência é crescer. Sabemos que os recursos ainda são insuficientes, então faremos um grande esforço para ampliar ainda mais a disponibilização e seleção de projetos", afirmou o executivo.

Segundo o diretor de Inovação da Finep, Elias Ramos, apesar de a situação atual ser favorável em termos de recursos, sem contingenciamento do FNDCT, o limite existe e por isso é necessário fazer escolhas. "E uma delas foi a ênfase na transição energética. Planejamos investir 40% dos recursos de subvenção econômica e 50% dos recursos de crédito, em parceria com o BNDES, em iniciativas nesse tema", disse. O diretor também afirmou que, dentro das seis missões apontadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), houve uma priorização específica da transição energética, de forma que o investimento está sendo direcionado principalmente para a descarbonização do transporte e reciclagem de resíduos urbanos e industriais. O planejamento em cada área deve considerar a interação com todas as outras, com a necessidade de um planejamento energético baseado na diversificação da matriz energética brasileira, que é vista como um grande potencial do país", concluiu.

Michelle Hallack, Conselheira da Florence School of Regulation (FSR) levantou a questão de o Brasil continuar sendo um país que apenas tem potencial, sem tomar dianteira para realizar. Para a especialista, "o primeiro ponto importante para se considerar é que a transição energética, a nível mundial, é um processo que está transformando as cadeias globais de valor e existem duas opções. Ou você será movimentado passivamente nessas cadeias, ou terá uma posição ativa e estratégica. Então essa é a única escolha, porque existe muita restrição quando há incerteza.

Fechando a manhã de debates, o secretário substituto de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Osório Coelho, declarou que o Brasil é um país de muita oportunidade. "Temos um potencial tremendo em energia e um mercado doméstico muito relevante, o que configura uma imensa oportunidade em termos de investimento em pesquisa, ciência, tecnologia e inovação para a transição energética".

Veja também a matéria publicada no The Conversation sobre o tema, clique aqui.