Um projeto de tecnologia de ponta na área nuclear, que vem sendo apoiado pela Finep nos últimos 10 anos, está próximo, graças a esses recursos, de se tornar realidade e beneficiar a vida de milhões de brasileiros. Trata-se do RMB – Reator Multipropósito Brasileiro, projeto modelo da Tecnologia Nuclear a Serviço da Vida.
A Finep destinou, em dezembro de 2022, R$ 172 milhões de recursos não-reembolsáveis do FNDCT para a elaboração do projeto detalhado de engenharia do Laboratório de Processamento e Manuseio de Radioisótopos do Reator, em mais um apoio a este projeto relevante para o País.
O projeto RMB engloba, além da construção do reator, toda uma infraestrutura de laboratórios. Os principais são o de processamento e manuseio de radioisótopos, objeto deste financiamento da Finep e outros: laboratório de feixe de nêutrons; de análise pós-irradiação, de radioquímica e de análise por ativação, além de instalações para suporte de pesquisadores. Todo o conjunto se converterá no mais importante centro de pesquisa brasileiro para as aplicações da tecnologia nuclear para o bem-estar da sociedade.
Existem dois tipos de reatores nucleares, os de potência — que utilizam a energia liberada nas reações nucleares para produzir energia elétrica — e os de pesquisa como o RMB, que utilizam as radiações geradas na reação nuclear para várias aplicações, como, por exemplo, na medicina e na indústria, em testes de materiais e combustíveis nucleares para reatores de potência, na utilização de feixe de nêutrons para pesquisa científica e tecnológica em diferentes campos da ciência; em pesquisas na agricultura e meio ambiente, entre outras.
Na área da medicina, anualmente, no Brasil, são realizados cerca de dois milhões de procedimentos médicos usando radiofármacos (medicamentos utilizados em Medicina Nuclear para fins de diagnóstico e/ou terapia de doenças). Sua matéria prima, são os radioisótopos — átomos que possuem o mesmo número atômico, mas diferente número de massa e que emitem radiação. Hoje, os radioisótopos necessários à produção dos radiofármacos são importados.
O RMB será capaz de produzir esses radioisótopos, reduzindo os riscos de desabastecimento e diminuindo os custos da sua produção e da realização dos exames que os utilizam. Isso se traduz em melhores condições para investimento na área médica com consequente ampliação do atendimento, em medicina nuclear, para a população. Como ressalta o Diretor Científico e Tecnológico da Finep, Carlos Aragão, “o RMB é um projeto nacional estratégico, que suprirá uma carência tecnológica importante.”
Histórico — A encomenda, feita pelo MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em 2010, tem como executor a CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear, autarquia cuja missão é o uso seguro e pacífico da energia nuclear visando o bem-estar da população. Uma encomenda se dá quando há um objetivo estratégico para o País a ser atingido e há uma instituição, em especial, apta a realizá-lo.
Desde então, a Finep apoiou o projeto, com recursos FNDCT da ordem de R$ 247 milhões, em quatro fases. A primeira delas, o Projeto de Concepção do RMB, seguida do Projeto Básico de Engenharia, ambas em 2010, somando aporte de R$ 64 milhões. Em 2013, apoiou com R$ 24 milhões, a adequação de instalações para testes de combustíveis para o RMB e em 2014, destinou R$ 159 milhões à elaboração do Projeto detalhado de Engenharia do Reator Multipropósito Brasileiro.
Os R$ 172 milhões, destinados ao projeto detalhado de engenharia do Laboratório de Processamento e Manuseio de Radioisótopos do Reator, serão liberados em três parcelas, a primeira delas, de R$ 20 milhões, já efetuada em dezembro de 2022.