Biomaterial usado na Vetra (foto: divulgação)

Quando a então aluna de pós-graduação Marina Trevellin Souza começou a trabalhar no Laboratório de Materiais Vítreos da Universidade Federal de São Carlos, ela não podia imaginar o caminho que estava trilhando. Juntou-se com seus colegas, patenteou diversas tecnologias e com a divulgação da agência de inovação da universidade, conseguiram muitos feedbacks positivos, o que os levou a perguntar por que não montar uma empresa. E assim, Marina se tornou diretora da Vetra, uma empresa especializada em biovidro, material que, quando implantado no corpo, facilita sua regeneração.

Marina Trevellin Souza, diretora da Vetra (foto: divulgação)

Essa regeneração é possível porque o biomaterial, apesar de realmente parecer com vidro, age quase como medicamento; só que, ao invés de liberar o fármaco, ele libera íons que incentivam as células do corpo a se reproduzirem mais rápido. Assim, pacientes com ossos quebrados, dilacerações na pele e outros tipos de ferida se curam mais rapidamente. Uma vez que seu trabalho é concluído, o biovidro é reabsorvido pelo corpo, não necessitando ser retirado ou ocasionando rejeição por parte do paciente, já que esse material é feito somente de elementos que já temos e são essenciais para o nosso corpo. Altamente bactericida e fungicida, o produto é ecologicamente sustentável - graças ao seu processo de produção e por não resultar em resíduos contaminantes - e pode ser usado não só na área médica e odontológica, mas também nos setores de cosméticos e veterinária.

Após sua primeira venda no ano passado e a regularização do primeiro produto, a empresa incubada no Supera Parque, em Ribeirão Preto-SP, já está com seus produtos da área de saúde validados e, com os recursos do Programa Mulheres Inovadoras, investe agora em outras inovações que facilitarão a vida de médicos e dentistas. Mas, segundo Marina, o dinheiro não foi o maior benefício: "Ainda que os recursos financeiros tenham sido muito importantes, o programa como um todo foi de muito aprendizado e tenho bons contatos até hoje que vieram dele". Ela afirma que ainda colhe os frutos da aceleração, com empresas grandes da área se aproximando da Vetra, graças ao renome do Prêmio.

Mulheres Inovadoras 2021

Na segunda edição do Programa Mulheres Inovadoras, a Finep/MCTI selecionou 30 startups lideradas por mulheres para aceleração, e outras 10 para receberem o Prêmio Mulheres Inovadoras, duas de cada região do Brasil, no valor de R$ 100 mil cada. As vencedoras foram anunciadas em setembro passado. O objetivo do Programa, uma iniciativa do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação em conjunto com a Finep, é capacitar e reconhecer empreendedoras nacionais, contribuindo assim para o aumento da representatividade nesse cenário e o incremento da competitividade brasileira. O Programa contou com apoio do Founder Institute, Jupter, Oria Capital e RME - Rede Mulher Empreendedora.