Seu navegador no suporta java script, alguns recursos estarão limitados. Seminário do Museu do Amanhã, em parceria com a Finep, discute caminhos da inovação no Brasil
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Ronaldo Tenório, um dos criadores do aplicativo Hand Talk, foi eleito um dos 35 jovens mais inovadores do mundo pelo MIT em 2016

 

A trajetória da ideia à inovação é marcada por erros, acasos e persistência. Na quarta-feira, 16 de agosto, o Museu do Amanhã, em parceria com a Finep, reuniu inventores e pesquisadores para discutir os caminhos e descaminhos da inovação no Brasil no seminário Inovanças, um desdobramento da exposição homônima, em cartaz até outubro, no Rio de Janeiro. A abertura do evento contou com a participação de Newton Hamatsu, assessor da presidência da Finep (que representou o presidente da financiadora, Marcos Cintra), e do diretor-presidente do Museu do Amanhã, Ricardo Piquet.

Joana D’Arc Felix, presente no debate, é um dos exemplos de superação e de como é possível fazer inovações de impacto com recursos simples. De origem humilde, venceu a fome e se tornou PhD em Química pela Universidade de Harvard. Apesar da titulação, que lhe abriria portas na academia, optou por orientar alunos da educação básica. “O desafio é inestimável. O primeiro contato do estudante com a pesquisa pode repercutir: se bem orientado, ele poderá ser o orientador de outras gerações”, disse a professora da Escola Técnica Estadual de Franca, em São Paulo. Ela desenvolveu, junto com seus alunos, projetos como o cimento ecológico, os fertilizantes organominerais sustentáveis e a pele humana artificial para transplantes e testes farmacológicos. Todos são resultado do reaproveitamento de resíduos sólidos gerados pelo setor coureiro-calçadista, principal atividade econômica de Franca.

Quem vê o sucesso do Angry Birds, série que virou febre no mundo inteiro, não imagina que a linguagem de programação Lua, que dá forma ao jogo, foi desenvolvida por um brasileiro. Roberto Ierusalimschy, professor do Departamento de Informática da PUC-Rio, contou ao público a história por trás de Lua e a importância do inesperado no processo de inovação. Criada inicialmente para atender a projetos de petróleo e gás da Petrobras, a linguagem se tornou a mais usada para script de jogos. “A indústria de games nos descobriu por acaso, numa revista especializada, em 1997, e resolveu apostar em nossa inovação. Desde então, Lua é uma das linguagens mais difundidas entre desenvolvedores de software. A sorte também está presente no caminho da inovação”, revelou Ierusalimschy.

Outro caso de sucesso no seminário é o de Ronaldo Tenório, inovador alagoano e um dos criadores do aplicativo Hand Talk, que traduz o português oral e escrito para Libras (Língua Brasileira de Sinais). A solução ganhou o prêmio de melhor aplicativo social do mundo pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2013. “Quando tive a ideia, ainda na faculdade, muitas pessoas me falaram que seria impossível transformá-la em realidade”, disse Tenório à plateia formada em grande parte por estudantes dos ensinos fundamental e médio. De 2012 até hoje, o aplicativo já foi baixado 1,5 milhão de vezes. “Não seja aquela pessoa que, ao ver um produto ou projeto interessante, diz: tive uma ideia semelhante. Seja aquela que tenta, erra, mas faz”, completou o alagoano, eleito em 2016 pelo MIT (Massachusetts Technology Institute) um dos 35 jovens mais inovadores do mundo.

A pele artificial desenvolvida por Joana D’Arc Felix, a linguagem de programação Lua e o Hand Talk são alguns dos 39 projetos da exposição Inovanças: Criações à Brasileira, que já recebeu 180 mil visitantes. A mostra é uma viagem lúdica e interativa pelo mundo das criações nacionais e fica em cartaz até 22 de outubro, no Museu do Amanhã, na Praça Mauá, no Rio de Janeiro.