Pesquisas para aperfeiçoamento da Cana Bt, resistente à principal praga que afeta as lavouras no Brasil, foram financiadas pelo Programa PAISS, iniciativa da Finep e do BNDES
Na última quinta-feira, 8/6, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou o uso comercial da cana-de-açúcar geneticamente modificada CTC 20 Bt, ou apenas Cana Bt, desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) após sete anos e meio de pesquisa. A Finep financiou os estudos de melhoramento da variedade por meio do Plano de Apoio Conjunto à Inovação Tecnológica Agrícola no Setor Sucroenergético (PAISS), iniciativa conjunta da agência e do BNDES. Esta é a primeira cana-de-açúcar geneticamente modificada aprovada para comercialização no mundo.
“A Finep apoia investimentos de risco tecnológico que tragam retorno para a sociedade. A Cana Bt é um bom exemplo disso. Além de garantir maior competitividade para o setor sucroenergético, a nova variedade deve trazer maior produtividade para o produtor agrícola e criar uma plataforma para novos desenvolvimentos tecnológicos em nível mundial”, destaca o gerente do Departamento de Agronegócios e Biocombustíveis da Finep, Luis Felipe Maciel. Ao todo, o CTC recebeu pouco mais de R$ 200 milhões em crédito da Finep para a execução do projeto, que também previa o desenvolvimento, a produção e a comercialização de novas tecnologias industriais destinadas ao processamento da biomassa oriunda da cana.
A Cana Bt é resistente à principal praga que ameaça a cultura: a broca da cana (Diatraea saccharalis), responsável por perdas anuais de quase R$ 5 bilhões. Segundo o CTC, a variedade geneticamente modificada passou por rigorosa avaliação da CTNBio, que a considerou segura sob os aspectos ambiental e de saúde humana e animal. O gene Bt (Bacillus thuringiensis) é utilizado na agricultura há mais de 20 anos nos principais países produtores do mundo.
“A aprovação é uma grande conquista do CTC e do setor sucroenergético nacional. Nos próximos anos, planejamos expandir o portfólio de variedades resistentes à broca, adaptadas a cada uma das regiões produtoras do Brasil. Além disso, o CTC também planeja desenvolver variedades resistentes a outros insetos, bem como tolerantes a herbicidas”, afirma o presidente do CTC, Gustavo Leite. O executivo explica ainda que, com a Cana Bt, além dos ganhos econômicos, o produtor poderá simplificar a logística e melhorar a gestão ambiental de suas operações. Antes de chegar ao mercado, a nova variedade ainda precisa da autorização do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBio).
Com informações do CTC