Marcos Cintra, presidente da Finep (Foto: Valor Econômico)
O presidente da Finep, Marcos Cintra, em entrevista ao jornal Valor Econômico (terça-feira, 30/01) afirmou que no Brasil em um cenário ajuste fiscal é necessário que o setor privado invista e sustente o crescimento em pesquisa e desenvolvimento. O executivo aponta que é fundamental que seja criado um ecossistema favorável para aperfeiçoar os mecanismos de investimento. Apesar de o governo ter firmado o compromisso de elevar de 1,2 % para 2% do PIB os recursos para pesquisa e inovação até 2022, só o esforço do setor público não será suficiente.
Para ele, o Brasil tem feito muita força para estimular o setor privado a investir em P&D, mas não tem surtido efeito. "Não adianta chegar a 2% do PIB em investimento em P&D em 2022 com o governo responsável por 1,8%", afirma Cintra. "Realisticamente o público não poderá ir além de 0,8% em um cenário de ajuste fiscal", completa.
De acordo com o presidente, o Brasil está entre os 15 paÃses que mais investem em pesquisa e desenvolvimento, mas 60% do investimento é público. Cintra alerta que a participação reduzida do setor privado em P&D reflete no baixo Ãndice de inovação do paÃs. O Brasil ocupa o 69º lugar no ranking mundial de inovação, apesar de ocupar a 14ª posição em produção cientÃfica. "Inovação acontece dentro de fábrica. Estamos gastando cada vez mais, criando conhecimento em universidades boas e reconhecidas, mas isso não se transforma em inovação, em valor e competitividade para as empresas", destaca.
Segundo Cintra, ainda falta orçamento para financiar a fundo perdido, mas a Finep tem em caixa cerca de R$ 3 bilhões em recursos reembolsáveis para a inciativa privada. O problema é que a burocracia e o rigor das exigências de garantia afastam as empresas.
As condições do órgão são bastante favoráveis: a Finep oferece financiamento a taxas de juros que vão de TJLP de 1,5% a 5% ao ano, dependo das caracterÃsticas do projeto. Cintra quer que a financiadora se modernize para estimular as companhias a investir.