Elias Ramos de Souza, diretor de Inovação da Finep (Foto: João Luiz Ribeiro/Finep)
A EmTech Brasil 2015, que acontece nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, pode ser uma ótima oportunidade para o Brasil obter visibilidade internacional e, por consequência, firmar acordos de cooperação com outros países. De acordo com o diretor de Inovação da Finep, Elias Ramos de Souza, há grande sinergia entre as possibilidades que a conferência proporciona e uma das principais linhas de atuação adotadas pela financiadora. “Lançamos recentemente uma chamada em parceria com o Centro para o Desenvolvimento Tecnológico Industrial (CDTI) – órgão do governo espanhol – para financiar projetos de inovação tecnológica entre empresas do Brasil e da Espanha”, lembrou Elias, que participou da abertura do evento, considerado o mais importante encontro sobre inovação do mundo. Além do edital hispano-brasileiro, a Finep assinou nessa semana um acordo o DNB, maior grupo financeiro da Noruega. “Temos participado intensamente de missões internacionais, sobretudo nesse ano, justamente para promover a internacionalização da inovação brasileira”, completou.
A cooperação internacional também foi um dos temas abordados no painel “Tecnologia e Inovação de Uma Perspectiva Governamental – Estados Unidos e Brasil”, que teve como palestrantes o cientista político e ex-presidente da Finep, Luis Fernandes, e o subsecretário adjunto de Comércio Internacional do Departamento de Comércio dos EUA, Kenneth Hyatt. O trabalho em conjunto entre a americana Boeing e a brasileira Embraer para o desenvolvimento de turbinas para aviões foi citado como exemplo de uma parceira bem-sucedida entre empresas dos dois países. “Há um grande caminho para cooperação entre Brasil e Estados Unidos. Iniciativas como essas servem de exemplo para companhias emergentes e podem ajudar o Brasil a passar por esse momento atual da economia”, destacou Luis Fernandes, ressaltando que os americanos são hoje o principal parceiro do País em Ciência e Tecnologia.
De acordo com Kenneth Hyatt, um dos principais objetivos dos Estados Unidos hoje é alavancar o investimento no setor privado através da transparência. E o fornecimento aberto de dados tem impulsionado os empreendedores a inovarem no País. Ele explica que, nos últimos anos, o governo americano tem disponibilizado alguns dados de serviços públicos, como os relacionados ao clima. “Percebemos que houve uma série de inovações a partir dessas informações”, afirmou, salientando a importância da cultura digital no processo, sobretudo o acesso à banda larga. Outro desafio, segundo Hyatt, é tornar o poder público cada vez mais ágil e sensível ao consumidor.
Nesse sentido, apoiar empresas recém-criadas e estimulá-las a desenvolver novas tecnologias e se consolidarem no mercado é fundamental, apontaram os palestrantes. “As startups são companhias que têm muito risco na inovação e o setor público precisa dividir isso para que elas consigam sobreviver”, frisou Luis Fernandes, lembrando do Finep Startup, nova ação da financiadora que prevê investimentos diretos em empresas em estágio inicial com um mecanismo inovador de contrato de opção de compra de ações. “O estímulo a esse elo da cadeia de inovação é o caminho para o futuro”. Já Kenneth Hyat destacou a criação de um ecossistema de inovação, no qual existem as chamadas âncoras, como as empresas do Vale do Silício (uma região da Califórnia, nos EUA), e as menores, que precisam de mais apoio. “Nosso foco está em desenvolver e oferecer suporte às pequenas empresas nesse ecossistema. O objetivo é que elas aprendam e comecem a cooperar com as maiores”, concluiu.