
Quais são os fundos de impacto e como atrair capital para a indústria inovadora? Essa foi a pergunta que norteou o painel “Dinheiro Inteligente - Quais são os fundos de impacto e como atrair capital para a indústria inovadora?”, realizado nesta terça-feira (7/10) na Arena Mané Garrincha, durante o Festival Internacional Curicaca, cuja primeira edição acontece de 7 a 10 de outubro, em Brasília (DF). Promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o evento reúne representantes de instituições públicas e privadas para refletir sobre o atual momento da indústria brasileira e os passos que devem ser tomados para um futuro promissor.
William Rospendowski, superintendente da Área de Operações Descentralizadas e Regionais da Finep, foi um dos painelistas, ao lado de representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e da GEF Capital Partners. O encontro abordou os mecanismos atuais de investimento em inovação, a articulação entre instituições públicas e o papel do capital privado na ampliação dos investimentos industriais.
Segundo os painelistas, o país vive uma fase sem precedentes de volume e coordenação de recursos para a agenda de inovação. O programa Nova Indústria Brasil (NIB) foi apontado como uma política pública estratégica que oferece maior previsibilidade para as empresas investirem.
A materialização dessa estratégia nacional ocorre por meio da excelência operacional de agências como a Finep e a Embrapii. Rospendowski explicou que a reconstituição do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) permitiu uma mudança de paradigma: além de pulverizar recursos em pequenos projetos, a Finep passou a fazer “apostas mais ousadas”. “Hoje você chega, por exemplo, a uma empresa que está contratando centenas de engenheiros e coloca R$ 120 milhões em subvenção econômica. Isso era totalmente impensável no passado”, exemplificou o superintendente.
Segundo Rospendowski, a Finep atua da pesquisa básica à chegada do produto ao mercado e apoia desde pequenos empreendedores até grandes projetos, como o desenvolvimento de drones e satélites. Alinhada à nova política industrial do Brasil, a instituição tem direcionado recursos para áreas estratégicas, como transformação digital e defesa nacional, e busca investir em tecnologias de maior risco para fortalecer a soberania tecnológica do país.
“Estamos atuando em todas essas frentes e dando uma atenção especial à regionalização, ou seja, a chegar de fato a todo o país. Por isso, temos hoje cinco escritórios acompanhando de perto as demandas e oferecendo os recursos necessários”, afirmou Rospendowski.
Longevidade
A Finep também participou da mesa sobre longevidade “Maratona da Vida: Estamos prontos para viver 120 anos?”, representada por Julieta Palmeira, médica geriatra e gerente do escritório da Finep em Brasília (DF). O debate reuniu médicos, biólogos e outros especialistas, como Fernanda De Negri, secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e do Complexo Econômico-Industrial do Ministério da Saúde, para discutir os avanços da medicina, da biotecnologia e da inteligência artificial que poderão expandir o tempo de vida das pessoas.
Segundo Julieta, a área do envelhecimento está profundamente vinculada à inovação. Diversos elementos impulsionam a longevidade, mas o conhecimento científico exerce papel determinante nesse processo.
Como instituição de fomento, a Finep apoia iniciativas voltadas ao progresso da ciência e da medicina. Entre os exemplos, Julieta lembrou o financiamento do xenotransplante e o reconhecimento, pelo Prêmio Finep, de um estudo sobre válvula cardíaca feita com grafeno. “A ciência avança, e isso nos dá um bem viver”, disse durante a palestra.
Para a médica, o debate sobre longevidade precisa se debruçar sobre o conceito de bem viver, uma ideia que se conecta com a saúde única e engloba não apenas a saúde humana, mas também a ambiental e a animal.
De acordo com a gerente do escritório da Finep em Brasília, é vital que haja uma maior intersecção no entendimento de que é preciso ter qualidade de vida. No Brasil, explicou, a interferência de questões sociais e ambientais se manifesta, por exemplo, na existência de doenças negligenciadas, o que está ligado aos determinantes sociais da saúde e a políticas públicas.
Para ela, um aspecto decisivo para o bem viver é o combate ao etarismo, que causa e reforça uma série de barreiras para a pessoa idosa (ou mesmo o idoso jovem) na sociedade, incluindo a tecnologia, considerada pela especialista indispensável para garantir a mobilidade e a autonomia.
“A ciência cria várias conexões e intersecções. A ideia da saúde única é um bom exemplo disso. Aos poucos, vamos entendendo o ser humano não no sentido binário de homem e mulher, mas dentro de uma dimensão mais ampla. Essa compreensão é essencial para quem pesquisa e trabalha com ciência neste tema”, afirmou.






